- COMO NASCEU A CESVIVER
- COMO SE DESENVOLVEU
- QUE IMPACTO VISÍVEL TEVE NA COMUNIDADE DA AMORA
- O QUE PENSAMOS E O QUE VEMOS NESTE PROJECTO.
Em 1º lugar obrigada pela vossa presença.
1-Espero não vos maçar muito, mas penso que gostem de saber como nasceu a CESVIVER. Bem, eu só posso falar do passado, porque o presente não acompanho e sei que deve estar diferente, sei que os projectos são dinâmicos e vão sofrendo alterações de modo a acompanhar as mudanças.
A Casa do Educador TINHA QUE CRESCER COMO INSTITUIÇÃO, essa era a nossa aposta.
As pessoas queixavam-se que os idosos da Amora estavam cada vez mais dependentes e viviam muito sós. Havia gente a quem a junta ou o merceeiro abria a porta de manhã e ia fechar à noite e a nossa associação como IPSS necessitava de uma componente social e nós sentíamos necessidade de maior formação no que diz respeito a comportamentos dos seniores. A parte cultural e humana já existia e assim, em dezembro de 2006, o nosso Plano de Atividades contempla a componente social de apoio social a idosos.
2 - Depois disto, há que meter as mãos à obra e levámos um ano com contactos com associações do género, em especial o “Coração Amarelo”, que se desenvolve em Lisboa com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa. Escreve-se o regulamento, organizam-se os dossier e todos os impressos para as burocracias, cria-se o logótipo com a ajuda dum profissional a quem agradecemos, pois criou os 3 Logótipos CES, CESVIVER e UNISSEIXAL sem nos pedir qualquer remuneração e na altura era um profissional já com alguns prémios. Em janeiro de 2008, faz-se o 1º curso de Apoio a Seniores realizado pelo Coração Amarelo e pago pela Casa do Educador do Seixal e frequentado por 20 voluntários. A partir daí, a CES passou ela própria a organizar os cursos abordando os mesmos temas e convidando técnicos, como Assistentes Sociais, psicólogos, enfermeiros e voluntários com provas dadas. Organiza-se a parte burocrática e as finanças.
Quero explicar aqui aos sócios que qualquer projecto bem organizado tem de se pagar a si próprio e este não foi excepção; nós criámos a figura do Aderente com uma quota de 10€ anuais, dinheiro que serve para pagar as despesas deste projecto e também digo que o curso do Coração Amarelo foi pago mais tarde pela CESVIVER.
A direcção da CESVIVER toma posse a 19 de junho de 2008 e estamos prontos a abrir portas ao público. Iniciámos o nosso protejo com os encontros das terças-feiras para pessoas que conseguiam deslocar-se à Casa do Educador e visitas a casa para alguns com mais dificuldades. Começámos com 13 voluntários ao domicílio e 4 no serviço dos lanches. As visitas a casa faziam-se por norma sempre com 2 pessoas, para segurança dos visitados e protecção dos voluntários. O projecto foi sempre acompanhado por uma Assistente Social, a Drª Maria Otília Germano, infelizmente já falecida, a quem presto a minha homenagem e um Assistente Jurídico, o Dr. Luís Torres, por quem ficámos muito gratos.
Também vos quero dizer: não foi tudo um mar de rosas, como por exemplo, colaborar com a biblioteca Municipal do Seixal na entrega e leitura de livros ao domicílio; foi um projeto que abortou e não ficámos a saber porquê, seguiram outros e está tudo certo.
3 - A comunidade recebeu-nos muito bem e, apesar do percurso de altos e baixos, resistiu e parece que está de boa saúde. Parabéns a todos que continuam a dar o seu tempo em prol desta causa.
Ser voluntário representa muito altruísmo da parte de quem o pratica, pois, embora nos dê muitas alegrias, também é na maioria das vezes praticado com muitos sacrifícios e abdicando de muita coisa que colide com a vida pessoal de cada um. Muito, muito obrigada por terem continuado um trabalho tão bonito e que tanto amei e amo.
4 - Amigos, este é um projecto social que merece ser acarinhado e desenvolvido. Colegas, vamos em frente pelos habitantes da Amora, pelos colegas que estão a envelhecer, que precisam de companhia e pelos voluntários que ao praticar este trabalho se sentem úteis e realizados. Sei que pensamos numa casa de repouso, mas a minha experiência diz-me que o acompanhamento em casa é primordial, poucas pessoas gostam de deixar os seus lares. Mesmo as Residências melhores e mais caras revestem-se de muita solidão e demasiada formalidade para que os laços afectivos se fortaleçam. Precisamos de amor e cuidados em casa no nosso fim de vida. Vamos esquecer o grupo “professores”, falemos de pessoas, aqueles seres que caminham connosco e fazem parte intrínseca de nós.
Este foi um projeto que acarinhámos desde o primeiro momento pela necessidade de nos aproximarmos do tema “idosos”, pois era esse caminho que estávamos a iniciar. Entendemos sempre que não se caminha para lado algum sem formação. Se estivermos embrenhados no tema, mais facilmente adquirimos conhecimentos tão necessários ao desenvolvimento do projecto que resolvemos abraçar e que temos em mãos. Quando nos entregamos aos outros sempre encontramos o nosso propósito e não há objetivos pessoais, mesmo já definidos, que nos impeçam de caminhar. Sei que quem aqui trabalha fá-lo por amor.
Sim, por mais independentes que queiramos ser, fazemos parte de um todo. Há uma dependência dos outros e os outros dependem de nós. Esta unidade está intrínseca no ser humano com uma força tal que não conseguimos ser felizes sozinhos, daí as associações se manterem por longos anos.
As razões de escolha deste ou daquele grupo depende da identificação que temos com as pessoas que os dirigem. Tal como se escolhe uma profissão, também se escolhe o grupo de voluntariado ou outro. Se não for assim, há tendência a desistir facilmente e o crescimento é lento. Não nos incomode que alguns desistam, há sempre quem desiste, mas é com os que ficam que as associações crescem.
Ainda quero dizer e é interessante: como sabem, as cores afetam-nos psicologicamente e quem desenhou o logótipo com a escolha das cores faz um elogio aos professores. Escolheu o rosa, a cor do amor incondicional e do carinho e o dourado, a cor da sabedoria que o nosso designer, dr. Sérgio Silva, ligou aos professores, e na altura classificou como classe culta e de entrega ao próximo. Estamos realmente num meio privilegiado para desenvolver qualquer projeto. Mãos à obra, colegas de fibra, porque há sempre quem ajude.
Não quero terminar sem agradecer a todos os que colaboraram comigo ao longo dos 3 anos que estive na Cesviver. Sem eles, o projecto ficava na gaveta.
Muitos PARABÉNS À CESVIVER, AOS SEUS DIRIGENTES E A TODOS OS VOLUNTÁRIOS.
Antes de terminar, quero ler-vos um excerto do livro “Elogio da Sede” de José Tolentino Mendonça:
“É fundamental não esquecermos que o coração humano, o nosso próprio coração, é frágil e vulnerável. Quando nos sentimos amados como uma pessoa única, sustentados por uma rede de afeto e acompanhamento, quando nos sentimos a realizar um trabalho que nos interessa, nos envolve e apaixona, mesmo com todas as dificuldades reagimos com vigor, há uma alegria que não nos deixa, pois temos a certeza de existir.”
Não vos maço mais. Desejo-vos um resto de uma boa tarde, obrigada pela paciência de me ouvirem.
Antonieta Henriques
Amora, 15 de Junho de 2018
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