O Outono e a Vida
Categoria :Historia , Recordar Cesviver
O tema escolhido para a tarde de terça-feira, 27 de novembro, estava enquadrado na estação do ano atual e pretendeu-se que houvesse uma ligação à vida: natureza, ambiente, idade, saúde…
A orientadora, profª. Rosa Duarte, iniciou a sessão falando de um acontecimento cultural: a atribuição do Prémio Europeu Helena Vaz da Silva atribuído ao Cardeal José Tolentino Mendonça, no dia 23 de outubro no Auditório 2 da Fundação Calouste Gulbenkian. Citou a declaração dos membros do júri: “impressionados pela capacidade que Tolentino Mendonça demonstra ao divulgar a Beleza e a Poesia como parte do património cultural intangível da Europa e do mundo”.
Utilizando o diálogo e a partilha de saberes explorou-se o tema. Referiram-se às transformações da natureza e do ambiente que nos rodeia; aos trabalhos agrícolas e seus cuidados e comparações entre o atual e antigo; às festas religiosas e pagãs que se realizarão, em breve, seus usos e costumes: Halloween ou Dia das Bruxas Conheça a verdadeira historia do Halloween – Sua origem, e o modo de festejarem.
Dia de todos os Santos – Festa religiosa cristã e suas vivências. Foi referida uma tradição que se realiza no nosso país e que tem-se vindo a perder: “O Pão por Deus”, recordou-se como, onde era mais festejado e os seus cânticos.
Dia dos fiéis defuntos ou Dias dos mortos – As tradições que devido à pandemia não poderão ser executadas por algumas das senhoras presentes.
Passou-se à leitura e breve análise de alguns poemas, entre eles este de Manuel Bandeira:
Crepúsculo de Outono
I
O crepúsculo cai, manso como uma benção.
Dir-se-á que o rio chora a prisão de seu leito...
As grandes mãos da sombra evangélicas pensam
As feridas que a vida abriu em cada peito.
II
O outono amarelece e despoja os lariços.
Um corvo passa e grasna, e deixa esparso no ar
O terror augural de encantos e feitiços.
As flores morrem. Toda a relva entra a murchar.
III
Os pinheiros, porém, viçam, e serão breve
Todo o verde que a vista espairecendo vejas,
Mais negros sobre a alvura unânime da neve,
Altos e espirituais como flechas de igrejas.
IV
Um sino plange. A sua voz ritma o murmúrio
Do rio, e isso parece a voz da solidão.
E essa voz enche o vale...o horizonte purpúreo...
Consoladora como um divino perdão.
V
O sol fundiu a neve. A folhagem vermelha
Reponta. Apenas há, nos barrancos retortos,
Flocos, que a luz do poente extática semelha
A um rebanho infeliz de cordeirinhos mortos.
VI
A sombra casa os sons numa grave harmonia.
E tamanha esperança e uma tão grande paz
Avultam do clarão que cinge a serrania,
Como se houvesse aurora e o mar cantando atrás.
(A cinza das horas, 1917)
Terminou-se o dia a visionar o vídeo que se relaciona com o COVID 19
Rosa Maria Duarte