Arquivos de categoria: Memórias

Mestre João Cutileiro

Categoria :Artes , Memórias

Pequena homenagem ao Mestre João Cutileiro

«Existe um antes e um depois do João Cutileiro na escultura nacional».

Esta é opinião do também escultor Rui Chafes, Prémio Pessoa 2015, que define o Mestre Cutileiro como «um inovador, um precursor, um nome incontornável, um pioneiro e um exemplo para muitos escultores mais novos do que ele».

Recorda ainda Rui Chafes que «as mulheres esculpidas em mármore polido são o rótulo de um homem maior, que se notabilizou pela forma como brincou com a História do País ao criar D. Sebastião...»

De facto, em 1970 o Mestre João Cutileiro foi viver para a cidade de Lagos e, como se aproximava o ano de 1973, data em que a cidade celebraria os 400 anos da elevação de Lagos a cidade, por reconhecimento régio de El-Rei D. Sebastião, no ano de 1573, o município encomendou uma escultura do jovem rei para comemorar esta data histórica.

Rompendo com a tradição, o escultor João Cutileiro cria um rei menino, sem espada, nem escudo e de face imberbe, afrontando o regime e a ordem instituída no Portugal antes do 25/Abril...

Mestre João Cutileiro foi alvo de muitas mais críticas e  controvérsia quando, em 1997, criou o monumento comemorativo ao 25/Abril/1974, colocado no Parque Eduardo VII, a pedido do Dr. João Soares, na época Presidente da Câmara de Lisboa.

Perante as críticas de que era alvo devido à sua ousadia criativa, inovação, e estética vanguardista, ironicamente dizia que não era «um fazedor de objectos destinados à burguesia intelectual do ocidente».

João Pires Cutileiro nasceu em Lisboa, no ano de 1937.

Faleceu este ano, no passado dia 5 de Janeiro, com 83 anos.

Em 1951, com apenas 14 anos, apresenta a sua primeira exposição individual em Reguengos de Monsaraz.

Frequentou a Escola Superior de Belas Artes de Lisboa (ESBAL), sendo aluno do Mestre Leopoldo de Almeida.

Por influência de Paula Rego vai para a Slade School of Art, em Londres.

Por todo o País encontramos fantásticas esculturas ou monumentos deste Mestre a embelezar praças, jardins, lagos, museus, hotéis, etc..

Exposições, prémios e distinções, internacionais e nacionais, são inúmeros.

A 3/Agosto/1983, foi agraciado com o grau de Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada pelo Presidente da República, General Ramalho Eanes.

Muito ficou por referir relativamente ao seu percurso biográfico.

Homem gentil, afável, interessado no trabalho dos outros artistas, generoso, curioso, apaixonado pela fotografia, pela amizade e pela comunicação, João Cutileiro era um verdadeiro embaixador da nossa Cultura, da boa-vontade e da justiça.

Mª. Lourdes Mano Reis


O barroco musical em Portugal

Categoria :Artes , Memórias

Primeira metade do século XVIII  

Esta semana, nas tardes do projeto CESVIVER, dias 10 e 12 de novembro, foi nossa convidada a musicóloga, profª Zuelma Chaves, que dinamizou as sessões  referindo-se a uma das épocas da História da Música em Portugal.

Começou por pedir, à assistência, que se recordasse do tema da semana anterior, orientada pela prof.ª Maria de Lourdes Mano, e fez uma “passagem”, com recurso à imagem, pelo Convento de Mafra e Basílica Real.

Lembrou um pouco da História de Portugal no reinado de D. João IV (século XVII) para mencionar os seguintes antecedentes históricos-musicais:

- A Escola da Sé de Évora

- O Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra

- O Paço Ducal de Vila Viçosa - Importante monumento português situado no Terreiro do Paço de Vila Viçosa, no distrito de Évora. Este complexo patrimonial é constituído pelo Paço Ducal, Castelo e igrejas dos Agostinhos e das Chagas pertencente à Fundação da Casa de Bragança.

Quanto ao tema do dia, a música em Portugal na primeira metade do século XVIII, começou por situar os presentes nas vivências do reinado de D. João V referindo: suas origens familiares; relação com a igreja; ligação à música: a música da Corte Joanina; a importância da música sacra; os instrumentos musicais que se podem encontrar e sua relação igreja/aristocracia/povo.

João V fascinado com o movimento barroco contrata o compositor e professor Domenico Scarlatti para o ensino da música aos infantes.

Estando Portugal a viver um período de muita riqueza devido à chegada das primeiras remessas de ouro do Brasil, o rei ambicionou para o país o que de melhor havia em relação à cultura. Neste sentido verificam-se influências vindas, por um lado, de Itália, não só pela adoção dos modelos litúrgico-musicais do Vaticano que viria a traduzir-se na importação de músicos e livros e no envio de bolseiros para Roma, e por outro lado a influência do modelo absolutista ditado por Luís XIV, em França.

Referindo-se a Mafra falou dos seis órgãos e dos dois carrilhões: a razão por que foram adquiridos e ali instalados; o seu funcionamento; e o respetivo reportório musical.

No domínio da música sacra mencionou a criação da Escola de Cantochão em 1729 em Santa Catarina de Ribamar e a referência a esta escola feita por Frei João de São José do Prado no Cerimonial da Arrábida de 1752.

No que concerne a testemunhos escritos da música desta época em Portugal mencionou o facto de muitos deles se terem perdido com o terramoto de 1755.

Fez uma breve alusão à ópera na corte e nos teatros públicos, seu público alvo e tipologias.

Deu a conhecer alguns dos principais vultos da música neste século:  Carlos Seixas, António Teixeira, Francisco António de Almeida e Domenico Scarlatti, apresentando imagens ilustrativas e proporcionando a audição de curtas passagens musicais.

Agradeço à prof.ª Zuelma Chaves a sua disponibilidade por oferecer aos utentes/aderentes de CESVIVER uma “viagem” musical pelo Século XVIII, tão cativante no modo como a transmitiu e documentou.

Rosa Maria Duarte

Álbum de fotografias Cesviver

Carrilhão-Torre Sul-Palácio Nacional de Mafra

História do Carrilhão-Torre Sul

Os Seis Órgãos da Basílica de Mafra

Fundação da Casa de Bragança

Arquivo Musical-Biblioteca da Casa de Bragança


Arte Contemporânea

Categoria :Artes , Memórias

 Os “caminhos” da Arte Contemporânea

No dia 21 Janeiro de 2020 e no âmbito das Artes Plásticas, o tema dinamizado na CESVIVER, pela Profª  Mª de Lourdes Mano foi: «Os “Caminhos” da Arte Contemporânea»

Depois de cumprimentar e agradecer a presença da assistência, a Professora recordou algumas exposições, que estiveram ou ainda estão presentes em Lisboa e Porto.

Com recurso a diversa documentação física e tecnológica, a orientadora foi dando a conhecer a uns e a lembrar a outros, os movimentos estéticos em voga, tanto nos Estados Unidos como na Europa, na década de setenta, nomeadamente a Pop Art e a Op-Art, com as consequentes influências no nosso dia-a-dia como, por exemplo, no vestuário, acessórios de moda, na fabricação de peças de porcelana, ou mesmo na decoração das nossas casas.

Projetando muitos e variados diapositivos, a professora  abordou as atuais tendências artísticas ao mesmo tempo que definia os conceitos inerentes a cada estilo: Arte Conceptual;  Performance;  Land Art ou Arte Ambiental;  Interferência; e mais recentemente, o surgimento da  Bio-Arte, assente no princípio de que «Se o objetivo do Cientista é interpretar o Mundo, o do Artista é representá-lo».

Como é habitual nesta Professora, vimos muitas imagens de Arte concebida pelos artistas plásticos portugueses, quer para o nosso País, quer para  estrangeiro, como os prestigiados Joana de Vasconcelos, José de Guimarães, Pedro Cabrita Reis e tantos outros, sem esquecer de referenciar a bio-artista portuguesa, Marta de Menezes,  bolseira da Fundação Gulbenkian.

Perante as recentes notícias de vandalismo na obra de Arte do conceituado Pedro Cabrita Reis, executada para o município de Leça da Palmeira, Matosinhos,  cujo título é «A Linha do Mar», a Professora teve a preocupação de projetar  muitas imagens desta Instalação, comentando também a carta-resposta, muito elegante e inteligentíssima de Pedro Cabrita Reis, perante as críticas e vandalismo a esta sua obra contemporânea «A Linha do Mar».

A Profª. terminou a sessão com a projeção um vídeo da exposição realizada recentemente na «Bienal de Arte Contemporânea» de Lyon, França, em que um dos trabalhos artísticos no âmbito da Bio-Arte, apresenta-nos a interligação/coesão  entre as Novas Tecnologias, a Vida Humana, a Inteligência Artificial e a Arte.

Obrigada Profª. Mª. de Lourdes Mano por nos deixar mais despertos para a observação das Artes Plásticas, nomeadamente para as novas tendências artísticas.
Rosa Duarte

Orientadora: Maria de Lourdes Mano

Os “caminhos” da Arte Contemporânea


Movimento estético Neo-Realista

Categoria :Artes , Memórias

Hoje, dia 15 de Outubro de 2019, a Professora Lourdes Mano com a fluidez e clareza a que já nos habituou deu continuidade à sua última sessão, sobre o tema “Neo-Realismo”.

Falou que o Neo-Realismo aconteceu em meados do século XX, como uma corrente artística de carácter marxista, com o intuito de Liberdade e de Solidariedade Social, de modo a alertar, a consciencializar, a transformar a politica de ditadura que há tanto se praticava no País.

Este movimento envolveu várias formas de arte, nomeadamente; literatura, pintura, música, artes plásticas, teatro, cinema, usando PowerPoint apresentou-nos gravuras elucidativas do novo movimento artístico Neo-Realismo e da sua influência. À medida que falava de escritores que muito se distinguiram (Fernando Namora, Ferreira de Castro, Aquilino Ribeiro, Alves Redol ...) assim como artistas plásticos (Cândido Portinari, Júlio Pomar, Manuel da Fonseca , Mário Dionísio, Ribeiro de Pavia, José Dias Coelho). Lembrou-nos, ainda, o Mural de Júlio Pomar, no cinema Batalha no Porto...Antes de terminar fez referencia às composições de Fernando Lopes Graça para alguns poemas Neo-Realistas. Por fim, cantou e encantou melodias do já referido Maestro Fernando Lopes-Graça a salientar: As Papoilas e Acordai (do poeta José Gomes Ferreira) e ainda a Canção do Camponês (de Arquimedes da Silva Santos).

A sessão foi aplaudida por todos os presentes que se mostraram gratos por mais esta brilhante tarde de lazer e aprender, parte integrante do Projecto ‘Um Livro Uma Companhia’.

Catarina Malanho

Orientadora: Maria de Lourdes Mano

A Arte no Neo-Realismo