Recordar José Saramago
Categoria :Um livro, uma companhia
Um outro olhar sobre o livro: “Memorial do Convento”
Realizou-se a última sessão programada para o ano letivo 2019/2020, pois como é de vosso conhecimento o fecho das atividades obrigou-nos a parar com toda a programação, mas foi vontade nossa cumpri-la a devido tempo.
Esteve connosco, como convidada, a professora Maria de Lourdes Mano que iniciou a sessão dando a saber uma notícia do dia: O Ministério da Cultura vai atribuir a Medalha de Mérito Cultural a Maria Teresa Horta pela sua carreira enquanto escritora e jornalista. Devido ao estado de pandemia o prémio só será entregue em 2021. Esta escritora, neste projeto, foi alvo de breve estudo nos dias 13 e 15 de outubro 2020.
Deu continuidade à sessão, pegando no tema do dia. Passo a transcrever o documento da professora Maria de Lourdes Mano onde nos relata como decorreu a sessão:
«UM LIVRO, UMA COMPANHIA»
RECORDAR JOSÉ SARAMAGO
(«Uma década de saudade, mas não de ausência» sublinha a Fundação José Saramago)
Nestes dez anos da sua ausência física entre nós, a Fundação JOSÉ SARAMAGO continua a trabalhar de acordo com o Projeto que foi estabelecido pelo escritor para a criação da Fundação:
- «Sermos facilitadores da difusão cultural, insistir na Declaração dos Direitos Humanos e dos Deveres Humanos e cuidar do legado humanista que nos foi entregue».
De igual modo, ao recordarmos esta efeméride e José Saramago, com o objetivo de prepararmos a Visita de Estudo da CESVIVER à Real Basílica do Palácio Nacional de Mafra e ao Jardim do Cerco, a Profª. Lourdes Mano dinamizou a sessão desta tarde abordando em traços gerais o livro «Memorial do Convento».
Como sabemos, o romance é longo e rico em personagens e factos históricos que têm o condão de nos fascinar, da primeira à última página, tal como José Saramago é exímio a fazer.
“Viajámos” pela História de Portugal, num período aproximado de 30 anos, na época da Inquisição, também conhecida como «Tribunal do Santo Ofício».
O romance articula factos verídicos da História, no século XVIII, durante o reinado de D. João V, nomeadamente os Autos-de-Fé da Inquisição, a Procissão de Penitentes, o casamento dos Infantes, com factos ficcionados, como, por exemplo, os milhares de trabalhadores na construção do Convento, sempre esquecidos noutros romances mas, aqui, José Saramago valoriza-os e eleva-os à categoria de um “herói coletivo”.
José Saramago também não esqueceu a vertente do “fantástico” como, a construção da Passarola, sonho do padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão, ajudado por Blimunda e Baltasar, personagens estas ficcionais do romance.
Todas as personagens deste romance encantam-nos pela coragem e bravura, mas principalmente pelo que são de humanas, inquietas e capazes de «ir ao encontro do seu verdadeiro destino».
Assim, o escritor apresenta-nos o Manuel Milho como um exímio contador de histórias, ele que era um mero trabalhador na construção do Convento de Mafra e muito amigo de Baltasar «Sete-Sóis». À volta de uma fogueira, antes de dormir, sentavam-se os amigos - o povo anónimo que construiu o Convento - para ouvir as histórias contadas por Manuel Milho, deixando o melhor sempre para o dia seguinte, acirrando a curiosidade e o entusiasmo dos ouvintes.
Após a projeção de muitas imagens sobre esta obra literária e respectivos comentários, procedeu-se à leitura de pequenos extratos do romance, até para nos introduzir na projeção de outras imagens, agora sobre a magnitude deste monumento, onde a Basílica e o Jardim do Cerco foram o nosso foco para a Visita de Estudo.
A sessão foi concluída e, como é hábito, ainda houve oportunidade para as habituais e tão desejadas conversas prazerosas, seguindo-se as despedidas afetuosas.
MLMR
Nota: Por motivos relacionados com o momento crítico que vivemos atualmente, a Visita de Estudo à Basílica e Jardim do Cerco, projetada para este mês, não se realizará.”
Cabe-me agradecer à querida amiga professora Maria de Lourdes Mano a mareira como tem abraçado este projeto da CES, o modo como nos transmite os conteúdos e como promove a cultura.
Agradeço também a quem todas as semanas dá o seu apoio à CESVIVER e a quem nos procura para ter uma tarde diferente.
Rosa Maria Duarte
“CESVIVER – DIAS 3 E 5 DE NOV. 2020
RECORDAR JOSÉ SARAMAGO